Identificação Básica dos Indivíduos

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No bloco de identificação básica dos indivíduos, são coletadas algumas informações sobre o perfil demográfico do indivíduo, sobre sua posição no domicílio e na família.

Até o ano de 1980, nessa seção do questionário dos Censos constava o item “condição de presença”. Esse quesito identificava se o indivíduo a que se refere o questionário era um morador regular do domicílio (o que a nomenclatura internacional costuma denominar de moradores de jure) ou apenas um visitante que pode estar passando uma temporada no domicílio (morador de facto). Isto indica que até os anos 1980, os bancos de dados dos censos contêm registros de moradores (presentes e ausentes) e não moradores (presentes), o que não ocorre a partir de 1991 (e em nenhuma edição da PNAD, apesar de que contenham um item com o mesmo enunciado). Um parente não residente que esteja, por exemplo, passando uma temporada num domicílio recenseado deveria, a princípio, ser mencionado como "não-morador presente" no momento da aplicação do questionário -- e, em sua residência de origem, ser citado com "morador ausente". Isso sugere que para que os dados possam ser comparados longitudinalmente, na análise de dados seria necessário selecionar apenas os indivíduos moradores -- ou então poderíamos incorrer em dupla contagem. 

Nos censos encontramos também um quesito sobre pertença religiosa. Nas PNADs, este tema somente foi investigado em 1988. O IBGE também faz essa questão nas Pesquisas de Orçamentos Familiares (1995-96, 2002-03, 2008-09).

O quesito raça/cor consta em quase todas as edições dos censos, com exceção de 1970. Nas PNADs, a raça não constava como quesito do questionário básico até 1987. Apesar disso, esta questão foi feita em diversas edições, como parte do questionário suplementar. Em 1976, encontramos, inclusive, uma variável que indica a resposta dos indivíduos por extenso, advinda de uma questão aberta. Para uma boa revisão sobre o tema da raça em pesquisas do IBGE, ver Osório (2003).

Com respeito à captação da posição do indivíduo na família e no domicílio (chefe, cônjuge, etc.), há diversas alterações no período considerado. Em 1960 e 1970, ainda não se distingue a chefia do domicílio e da família. Era possível identificar as famílias conviventes numa única habitação, porém, a posição das pessoas dessas famílias era feita sempre em relação ao chefe do domicílio. Ou seja, as pessoas das outras famílias eram registradas como filhos, outros parentes e agregados, resultando numa inflação das respostas a essas alternativas. A introdução de duas perguntas distintas para chefe do domicílio e da família só se deu em 1980; e este modelo é copiado pelas PNADs a partir de então. Em 2010 assistimos a outra alteração no questionário. Como veremos na seção sobre domicílios deste relatório, o questionário de 2010 eliminou a investigação sobre famílias - sob a justificativa de que será possível, através de algum algoritmo, fazer a identificação de grupos familiares conviventes. Outra novidade do censo de 2010 é a possibilidade de que haja mais de uma pessoa de referência no domicílio.

Desde 1991, os censos incluem questões sobre deficiências e necessidades especiais. Até então, apenas uma pergunta era feita sobre o assunto. Nos censos de 2000 e 2010, esse tema foi desdobrado em mais quesitos, permitindo medidas mais confiáveis.

O censo de 2010 incluiu ainda uma seção sobre Populações indígenas, que contém cinco quesitos. Esse conjunto de questões é respondido por indivíduos que se declararam indígenas na questão sobre raça e para todos os que habitam territórios definidos como indígenas.

 

Referências:

OSORIO, Rafael Guerreiro. “O sistema classificatório de ‘cor ou raça’ do IBGE”. IPEA - Texto para Discussão Nº 996, Brasília, novembro, 2003.